Como os neurónios comunicam entre si?
Os neurónios comunicam em estruturas chamadas sinapses, num processo chamado transmissão sináptica. A sinapse consiste nos dois neurónios, um dos quais está a enviar informação ao outro. O neurónio emissor é conhecido como neurónio pré-sináptico (isto é, antes da sinapse) enquanto que o neurónio receptor é conhecido como neurónio pós-sináptico (isto é, depois da sinapse). Embora o fluxo de informação em torno do cérebro seja alcançado pela actividade eléctrica, a comunicação entre os neurónios é um processo químico. Quando um potencial de acção atinge uma sinapse, os poros da membrana celular são abertos permitindo um influxo de iões de cálcio (átomos de cálcio carregados positivamente) para o terminal pré-sináptico. Isto faz com que um pequeno “pacote” de um neurotransmissor químico seja libertado num pequeno espaço entre as duas células, conhecido como a fenda sináptica. O neurotransmissor difunde-se através da fenda sináptica e interage com proteínas especializadas chamadas receptores que estão embutidos na membrana pós-sináptica. Estes receptores são canais iónicos que permitem a passagem de certos tipos de iões (átomos carregados) através de um poro dentro da sua estrutura. O poro é aberto após interacção com o neurotransmissor permitindo um influxo de iões para o terminal pós-sináptico, que é propagado ao longo do dendrito em direcção ao soma. Para uma animação anotada,clique aqui.
A transmissão sináptica pode ser excitatória ou inibitória
A neurotransmissão pode ser excitatória, ou seja, aumenta a possibilidade do neurónio pós-sináptico disparar um potencial de acção, ou inibitória. Neste caso, o sinal inibitório reduz a probabilidade de um potencial de acção ser gerado após a excitação, como funciona a inibição?
Bem, é aqui que as coisas se complicam um pouco mais! Vimos que o potencial de acção é propagado pela borda dianteira de uma onda de despolarização que activa os canais de sódio mais abaixo no axónio. Vimos também que a activação destes canais de sódio é alcançada por uma pequena despolarização da membrana neuronal.
Mas o que aconteceria se o potencial da membrana fosse estabilizado? A despolarização dentro do axônio neuronal dissipar-se-ia e o potencial de ação não seria capaz de se propagar mais – ou seja, seria inibido. Esta estabilização do potencial da membrana é conseguida por um afluxo de iões cloreto carregados negativamente que não é afectado pela onda de despolarização que desce o axónio. Anteriormente, isto é equivalente a um efluxo de iões de sódio com carga positiva. Assim, é como fazer um furo numa mangueira para que a água vaze através da perfuração e não chegue ao aspersor!
Confuso? Hmmmm….pode ser visto desta forma – os iões de cloreto carregados negativamente irão cancelar os iões de sódio carregados positivamente, daí nenhuma despolarização e nenhuma propagação potencial de acção!!