Um antigo osso do rosto de uma cobra lança luz sobre a evolução do crânio de uma cobra moderna: fóssil de perna de 100 milhões de anos de idade fornece uma visão crítica sobre como as cabeças das cobras modernas evoluíram.
Nova investigação de uma colaboração entre paleontólogos argentinos e da Universidade de Alberta acrescenta uma nova peça ao puzzle da evolução da serpente.
Os investigadores examinaram um fóssil da serpente Najash rionegrina, encontrada na Argentina, que se encontrava bem preservado na parte de trás do crânio da serpente. O estudo mostra que há quase 100 milhões de anos atrás, estas cobras de pernas ainda tinham um osso de bochecha – também conhecido como osso de jugal – que praticamente desapareceu nos seus descendentes modernos.
“As nossas descobertas apoiam a ideia de que os antepassados das serpentes modernas eram de corpo grande e de boca grande, em vez de pequenas formas de escavação como se pensava anteriormente”, explicou Fernando Garberoglio, da Fundación Azara da Universidade Maimónides, em Buenos Aires, Argentina, e autor principal do estudo. “O estudo revela também que as cobras primitivas retiveram os seus membros da cobra durante um longo período de tempo antes da origem das cobras modernas que são, na sua maioria, completamente sem cal”
Durante décadas, a compreensão dos paleontólogos sobre a evolução das cobras foi dificultada pelo registo fóssil limitado. Os novos fósseis apresentados neste estudo são cruciais para a reconstrução dos primeiros passos na história evolutiva das cobras modernas.
“Esta investigação revoluciona a nossa compreensão do osso jugal em lagartos serpentes e não serpentes”, disse Michael Caldwell, professor no Departamento de Ciências Biológicas e Ciências da Terra e Atmosfera, e co-autor do estudo. “Após 160 anos de erro, este trabalho corrige esta característica muito importante com base não em conjecturas, mas em provas empíricas”
As cobras fósseis de quase 100 milhões de anos descritas neste estudo, encontradas na Patagónia do Norte, estão intimamente relacionadas com uma antiga linhagem de cobras que povoou os continentes do hemisfério sul de Gondwana, e parecem estar relacionadas apenas com um pequeno número de cobras obscuras e modernas. Os investigadores utilizaram a tomografia micro computorizada (micro-CT) para visualizar as estruturas do crânio dentro do espécime, examinando as vias dos nervos e vasos sanguíneos, bem como a estrutura esquelética que de outra forma seria impossível de ver sem danificar o fóssil.
“Esta investigação é fundamental para compreender a evolução dos crânios das cobras modernas e antigas”, acrescentou Caldwell.
Para mais sobre estas descobertas, leia New Fossils of Ancient Snake With Hind Legs Revele Tantalizing Details of Evolution.
Reference: “New Skulls and Skeletons of the Cretaceous Legged Snake Najash, and the Evolution of the Modern Snake Body Plan” de Fernando F. Garberoglio, Sebastián Apesteguía, Tiago R. Simões, Alessandro Palci, Raúl O. Gómez, Randall L. Nydam, Hans C. E. Larsson, Michael S. Y. Lee e Michael W. Caldwell, 20 de Novembro de 2019, Science Advances.
DOI: 10.1126/sciadv.aax5833
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